terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lelê e o Museu de Chocolate

O meu nome é Leocádio, mas todo mundo me chama de Lelê.

O meu tio Torero é jornalista e me trouxe para a Copa. Todo dia ele via jogo de futebol, mas como ontem não tinha jogo nenhum, ele ficou deitado na cama olhando para o teto. Só de vez em quando é que ele fazia uma coisa, e essa coisa era resmungar assim: “Droga, nem um joguinho...”

Aí eu perguntei pra ele: “Quer ver um jogo, tio?”, e ele disse: “Quero!”

Então para animar o meu tio Torero eu peguei uma bolinha que eu comprei (com o dinheiro do meu tio) e comecei a jogar no quarto. Era um jogo de eu contra mim. E para parecer mais de verdade eu comecei a falar que nem os caras do rádio: “A bola está com Lelê, Lelê dá o combate, mas Lelê dribla Lelê, que passa para Lelê, e agora Lelê lança para Lelê, que mata no peito e dá um chapéu em Lelê, agora Lelê avança e vai chutar contra o goleiro de Lelê, olha lá, Lelê mandou a bomba... e é goooool! Gol de Lelê!”

Acho que aquilo deixou o meu tio o maior animado, porque na mesma hora ele levantou e disse: “Vamos sair daqui!”

Então a gente foi até a portaria do hotel perguntar para a recepcionista-que-fala-português onde a gente podia passear. E ela disse: “Vocês já conhecem o Museu do Chocolate?

"Quando eu escutei aquilo, eu pensei: "Museu do Chocolate!? Que legal! Em vez daquelas estátuas de pedra deve ser tudo de chocolate e a gente pode morder! Eu quero ir lá, eu quero ir lá!"

Aí o meu tio me perguntou: "O que você acha, Lelê?"

Eu fiquei com vontade de responder "Que pergunta mais burra, tio! É o melhor lugar do mundo! Vamos já!". Mas aí eu me comportei e disse: "Eu acho bom. A mãe falou para eu aproveitar a viagem e ir num monte de museu porque ia ser muito bom para mim."

E eu falei assim porque a gente não pode parecer muito animado para os adultos, porque aí eles pensam que a gente vai fazer bagunça e não levam a gente onde a gente quer ir.

Bom, então a gente pegou o trem lá em Leverkusen, que é uma cidade muita chata que não tem nada para ver, e foi para a cidade de Colônia, que é uma cidade legal porque tem o Museu do Chocolate.

A gente foi de trem porque aqui na Alemanha o pessoal usa trem para ir para qualquer lugar. O meu tio nem precisa ir de carro, e isso é bacana, porque ele fica o maior nervoso no trânsito porque todo mundo dirige errado e só ele que está sempre certo.

Bom, aí a gente chegou no Museu. Mas ele não era como eu tinha pensado que ele era. Não tinha nenhuma estátua de chocolate.



( Continuo amanhã!)

Escrito por Lelê na copa de 2006

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